sábado, março 24, 2012

Carta de um colega que retrata a n/ realidade.


“Tu deslarga-me, pá!”
 Tenho mantido uma posição a modos que neutra nestas danças do BPN, ou seja, esperar para ver e não me preocupar em demasia com a rádio alcatifa.
Mas não se pode estar à espera que finalmente chegue o anunciado dia da conclusão, que se põem logo a inventar!
CARAMBA!
Já sei que esta é uma chaga aberta no peito dos contribuintes e tal, mas passando à frente, que tal outra perspectiva…
 Bom, ou mau, nas minhas tarefas, gosto de pensar que dou o melhor para contribuir para o que trabalho, sendo este um dos três motes que me regem.
Por este motivo é com grande pesar que tenho assistido à novela que se tem desenrolado em torno do BPN.
 Inicialmente foi o susto da Nacionalização.
De um dia para o outro dou por mim a trabalhar numa instituição envolvida num escândalo de corrupção ao ponto de se ter de nacionalizar por risco de falência. A analogia que me ocorre é de um pesadelo onde o maior terror é a sensação de impotência; de nadar e nunca chegar à tona…
Passado o primeiro impacto, o drama a modos que se desenrola “lá fora”, arrolando-se arguidos e comissões, e cá dentro labuta-se com o mesmo afinco e sempre pelo melhor. Porque é mesmo disso que se trata: de pessoas que dão o seu melhor para contrariar o que de mau se abateu sobre o seu local de trabalho e para o qual não contribuíram!
Os dias foram passando; os ordenados foram cortados, porque para isso até que somos funcionários públicos; mas a malta aguentou estoicamente a estocada!
 Chega então o concurso para a privatização!
Com periclitante começo, aparentemente ninguém estava interessado em ficar com isto… pelo menos a preços razoáveis.
Há que admitir que foram momentos de grande tensão e expectativa, mas novamente se deu o passo em frente e avançámos para a preocupação seguinte: e agora, o que será feito de quem aqui trabalha? Voltamos ao principal: as pessoas! Por esta altura a sensação é que somos reduzidos a números e a expectativa é que saia a nossa “bola” da tômbola! Mas a dedicação continua a cada dia que passa…
Dois passos para a frente; um para a esquerda; dois para a direita; um para trás… os dias foram passando, mas o plano de acção estava traçado, consegue-se olhar para o horizonte e, mal ou bem, isso é positivo!
 De repente… CRASH!!
Alguém tinha pintado o horizonte numa parede de betão e batemos de tromba!
É triste, nesta altura, as “gordas” dos jornais dizerem: “ah e tal, calhando o BPN está a ser vendido a preço de saldo”…… OI?!?! Andaram a dormir?!? Já tínhamos passado essa fase e agora, no sprint final, é que se lembraram de reatar a coisa?!??!
Mas porque ficar por aí?!! Se as mentes em Bruxelas acordaram tarde, por cá a coisa é mais ridícula! Porque não fazer mais uma comissão?!? Vamos lá ver quem está por aí sem fazer nada e não tem com que se preocupar, formamos um gang e vamos aterrorizar mais um bocadinho aqueles indivíduos… e no processo enterramos mais dinheirito que vai abundando por aqui!!!
Novamente somos arma de arremesso em tricas políticas!
Sei que sou bastante limitado, mas isto ultrapassa-me largamente!
 E cá vamos andando: espectadores impotentes de uma novela da qual somos personagens!
Figurantes é verdade, daqueles com que o realizador não se preocupa se estão ou não enquadrados, basicamente corpo presente; para encher!
Facto é que somos nós que podemos levar este barco a bom porto, seja lá com que bandeira!
Somos nós que damos o corpo ao manifesto e tentamos, muitos a custo, minimizar o problema e maximizar as soluções!
Nas equações e fórmulas que alguém escreve nesta engenharia financeira, somos catalogados como constantes e não foram consideradas as preocupações, problemas e necessidades de quem por cá aguenta sobre os ombros esta estrutura que ameaçam ruir!

E assim vamos…
Esperar que se resolva!
Dar o melhor!
Não perder a esperança!
Continuar… … acreditando que dias melhores virão!

Cumprimentos,

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